Charlatanismo, curandeirismo e a Virada da Vacina em Sampa

 


Em 26 de março próximo-passado, numa live no Instagram, em dueto com o Professor Dr. José Miguel da Silva Junior, discorri sobre o tema charlatanismo e curandeirismo em tempos de pandemia. Por se tratar de um colóquio de cunho acadêmico, capaz de atingir um diversificado público nas redes sociais, evitamos citar proeminências do nosso cenário político, embora vontade e bons exemplos não faltassem. Assim, nos limitamos em mencionar alguns líderes religiosos, muito em voga naquele momento.

Eis que hoje, 12 de agosto me deparo  no Jornal Nacional (internet), com a notícia de que a CPI da Covid vai pedir indiciamento de Bolsonaro por charlatanismo e curandeirismo.

Segundo o noticioso, a cúpula da comissão acusa o presidente de defender o uso de remédios sem eficácia comprovada no tratamento da doença. Deram conta que em 11 de agosto, quarta-feira, os Senadores ouviram o diretor de uma empresa farmacêutica responsável por bancar propaganda desses medicamentos.

Jailton Batista é diretor-executivo da Vitamedic, uma das principais produtoras de ivermectina do país - remédio contra vermes e parasitas, mas que acabou incorporado ao chamado kit Covid, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro e outros governistas para tratamento contra a Covid, apesar de não haver nenhuma evidência científica. Na pandemia, o faturamento da Vitamedic aumentou 29 vezes.

Para agravar a delicada situação do Presidente, Batista admitiu que a Vitamedic não realizou pesquisas científicas sobre a eficácia da ivermectina no tratamento da Covid, mas disse que a empresa continuou a vender o medicamento para esse fim, mesmo depois que a farmacêutica americana Merck, que criou o remédio, publicou estudo atestando que a ivermectina não tem efeito contra a doença.

Ele admitiu também que a Vitamedic bancou anúncios publicitários da Associação Médicos pela Vida, que promove o tratamento sem eficácia. De acordo com Jailton, os anúncios custaram R$ 717 mil.

Na coluna Wander Simões escrevendo verdades, na série intitulada “Diario da covid – reflexão do dia”, várias vezes falei sobre a ineficácia desta e demais drogas do famigerado Kit Covid. 

Em se tratando de um cenário de pandemia, onde as fake news se propagam como ervas daninhas, considerando que estas são responsáveis pela morte de muitos incautos, nunca é demais repetir:

O propalado “tratamento precoce” através do uso de medicamentos do denominado Kit Covid não encontra eco na ciência, muito embora não sei se por desespero, descuido, imperícia, negligência, imprudência, ou interesse oculto, doravante nem tão oculto assim, tenha sido adotado por alguns médicos, violando postulados éticos.

Consumir medicamentos sem eficácia comprovada pela ciência pode causar prejuízos para o corpo e, segundo médicos de megahospitais como Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas, seus efeitos colaterais estão prejudicando o tratamento e gerando mortes.

Portanto, notícias e recomendações de origem não médica, no sentido do uso sob qualquer forma do chamado Kit covid não merecem crédito. Nossas reais esperanças residem ainda na vacinação em massa e no soro anticovid desenvolvido pelo nosso glorioso Instituto Butantã, esse sim, recomendado para o tratamento dos pacientes infectados pelo Sars-CoV-2.

Ao menos enquanto não atingirmos a chamada imunidade de rebanho, faz-se necessário manter o distanciamento social, o isolamento doméstico, o uso de máscaras e a higienização das mãos e de superfícies.

Afortunadamente a cidade de São Paulo recebeu hoje através do seu Prefeito Ricardo Nunes a notícia que no próximo domingo às 17h, findando a virada da vacina em Sampa, que se inicia neste sábado nas UBSs às 7h da manhã, depois nos megadrives, teremos vacinado 100% da população acima de 18 anos. O anúncio nesta data, soa muito mais do que um presente para a juventude no seu dia internacional, é uma ode à vida, porquanto outros flertam com a morte.

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